quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O português é cá um bicho...

Na localidade onde trabalho existe um fenómeno paranormal... O portuguesismo... O portuguesismo é aquela capacidade de desenrasque nato com que todos nós nascemos; aquela capacidade de estar à vontade para não seguir etiquetas, normas socialmente criadas e ainda, a capacidade que queremos saber um pouco mais à cerca da vida dos nossos vizinhos. Estas são algumas de muitas outras características inerentes ao povo do “faduncho” e que nos demais países europeus não existe.

Ora vejamos... da vidraça da minha janela consigo ver um “lote” de velhotas à porta de casa, nos seus banquinhos a ver quem passa. Nada de transcendente, mas acontece que à frente de casa delas apenas passam 2 ou 3 carros, 8 “papa reformas” e 10 bicicletas durante todo o santo dia, o que deve dar uma emoção.. vai lá vai!!Imaginem o tempo que demora o “veículo especial” a atravessar toda a rua, para aí 20m... Ainda deve dar tempo para ir a casa meter o bacalhau na panela e beber um "copinho", e assistir à chegada à meta....

As pessoas que andam de bicicletas são uns “personage” do caraças... a última que vi a passar, levava um chapéu de chuva na mão, uns sacos de plástico presos no guiador, e como protecção à santa chuva um avental que vai-se a ver ainda faz as vezes de um pára lamas!!

Outra coisa interessante de se ver por estas bandas são as discussões entre marido e mulher... para quem está casado à mais de 40 anos não existe incomodo algum em haver espectadores (o lote de velhotas, inclusive), a assistiram à panóplia de palavras carinhosas que trocam entre si... Nomeadamente, como eu já ouvi.... “Á mulher de um cabrão!!”, o que nos remete para um pensamento profundo e filosófico ao questionarmos a quem é que o senhor chama cabrão... (esta relíquia ouvi não por cá, mas pelo Alentejo).

Mais uma curiosidade são as portas de algumas casas que se encontram à minha volta. Elas contêm recortes de calendários antigos com fotografias do ex-santo Padre e de Nossa senhora de Fátima... Assim, quando as pessoas batem à porta vão mas é pensar que “bateram as botas”, e que aquilo deve ser a porta do paraíso... mas depois vêem umas flores murchas mesmo ao lado, e uma senhora de bigode farfalhudo a abrir a porta... e a dúvida dissolve-se em três tempos...

Eu ainda tenho é esperança que outras características tipicamente portuguesas de denotem por estas bandas, nomeadamente a hospitalidade... Ainda ninguém me ofereceu um “copinho”, ou uma bela chouriça assada...


"Vizinha... Se me estás a oubir... dá-me binho!!! Cara***...”

3 comentários:

TC disse...

Se saísses do escritório em vez de andares a espreitar a vizinhança, talvez eles te oferecessem um copinho!!!
Mas por acaso já te ocorreu,(é uma hipótese muita remota, direi mesmo até rara de acontecer) que se calhar já eles já te conhecem de gingeira??
"...fechem as adegas, tranquem as portas das adegas, fechem os pipos, engarrafem já tudo de uma vez, escondam os garrafões, ela voltou, ela anda aí, FUUUUJAM, o vinho vai acabar por estas bandas, é o fim do mundo, acudem nossa senhora valha-nos Deus BACO!!!..."
Pois é! Será?

... disse...

Cuidadinho com os "has" do verbo haver. Ainda não chegamos a Africa nem aos Brasis.
Porque será que esta rapaziada sabe tão pouco de português? Fizeram uma 4ª classe ou 6ª classe mal feitas? É confrangedor como estas pessoas passam pelas faculdades.

Anónimo disse...

Parece que já estou a ver lá em casa um garrafão daquele tamanho...
Dá para... vá uma semana!